Como atual moradora de terras francesas, quando recebo amigos por aqui, sempre existe a justa expectativa de que os levarei num restaurante de comida francesa.
Acontece que a maior parte dos meus conhecimentos culinarios se dedica à comida italiana – por motivos de ser minha favorita – e os franceses que eu gosto são mais carinhos, sabe como?
Mas dai que vieram os crepes para me impedir de continuar passando vergonha! Eles são tipicamente franceses – sei que o de Nutella habita o seu inconsciente – e os mais delicias que eu ja comi não me custaram os olhos da cara.
Lulu la Nantaise – 67 Rue de Lancry
Seu nome é uma homenagem à personagem do filme cult Les Tontons Flingueurs de Georges Lautner. Ele é bem pequenininho e, por isso, recomendo fortemente que você faça reserva.
A decoração é uma graça e durante o verão as janelas ficam todas abertas, num clima bem do legal. Não sei você, mas, para mim, o lugar ser aconchegante é fundamental para que a experiência seja completa.
No quesito comida, eu sou uma purista, sempre peço completo + champions, mas aqui tem uns sabores meio fora da caxinha que parecem agradar. Vira e mexe o boy pede e nunca o vi insatisfeito. Eu não vou nem falar da massa deles, porque acho que é a minha favorita e ja estou aguando por aqui.
Krugen – 58 Rue de la Fontaine au Roi
Esse é o restaurante de crepe bretão loudly e proudly: I am here, I am breton, get used to it. A decoração é toda vibes surfista, remetendo à paisagens da Bretanha. Eles são tão fieis às suas origens que se você pedir uma Coca cola, eles dizem so ter a Cola da Bretanha (que é bem ok também, melhor do que te oferecerem uma Pepsi).
Se você estiver num grupo numeroso, esse daqui é um lugar mais indicado que o Lulu por ser mais amplo, mas, igualmente, recomendo tentar fazer reserva (você consegue reservar no lafourchette.com).
Aqui, além dos crepes bem delicinha, eles também oferecem algumas outras especialidades da Bretanha e, de acordo com o boy, a cidra deles esta sempre de parabéns. Se você não confia em mim no quesito bebida de adulto – e você esta certo -, confie no boy, ele não tem motivos para mentir para você!
Au P’tit Grec – 68 Rue Mouffetard
Esse aqui esta mais para comida de rua do que para restaurante. A ideia é ficar na fila – que sem-pre tem -, pedir o crepe e comer andando – essa rua é bem tradicional, tendo, inclusive, um festival de dança aos domingos bem tradicional – ou se engalfinhar pelas 4 cadeiras que eles disponibilizam.
Vamos detalhar a questão fila? Pois é, eu passo diariamente na frente dele e nunca vi sem. Ainda que ela não esteja grande, ela é demorada porque os dois caras que atendem ao mesmo tempo falam com você como se não houvesse outro ser humano na terra. Das duas vezes que fui la, foi o mesmo cara que me atendeu. Ele gosta de conversar, é acido e zoa o meu sofrido francês, ou seja, toma ai a experiência parisiense completa.
Caso você seja uma pessoa de habitos mais refinados, me sinto na obrigação de te adiantar que, num geral, na França esse negocio de vigilância sanitaria não pegou muito bem, mas, em especial, no P’tit Grec. Sabe a mão que pega o dinheiro é a mesma que faz o crepe? Um classico! Temos aqui.
Não que eles precisassem compensar algo, mas eles fazem mesmo assim! Os crepes são gigantescos e com um preço bem parceiro! Se você tiver a ambição de comer o crepe doce – e eu, fortemente, sugiro que você persiga esse sonho – sugiro dividir os crepes, um por pessoa é uma ignorância!
Eu poderia ficar aqui gastando o meu latin sobre como o crepe daqui é sen-sa-cio-nal, mas deixo vocês com o review do Seu Edson:
Enquanto estavamos fazendo o pedido, Seu Edson ficou bolado porque achou que o rapaz estava se assanhando para o meu lado (and i quote), mas como podemos ver no video, parece que ele conseguiu aceitar muito bem esse relacionamento.
Com exceção do P’tit Grec, que conta com um grande apelo turistico, os outros dois são bem de locais, portanto, estou arriscando minha carteirinha de residente, me valorizem!
Agora, permita que eu me intrometa nos seus pedidos! Primeiro, entendo de alcoolicos? Nadica de nada, mas se tem algo que eu ja aprendi por aqui é que crepe pede cidra. E pode esquecer a nossa concepção de borbulhante que se pode comprar com pouco, aqui,eles levam cidra bem a sério!
Segundo: eu SEI que você quer pedir o crepe doce de Nutella e te entendo e te respeito, mas juro juradinho que você não vai se arrepender se der uma chance para o de Caramelo Salgado.
Para terminar, caso você prefira descobrir o seu proprio lugar transante de crepe – o que eu acho bem sensacional – te dou a seguinte dica: os crepes mais tradicionais de Paris são os feitos no estilo da Bretanha (uma outra região da França) e acontece que a maioria dos restaurantes consistentes nesse estilo se encontram no 15 arrondissement, porque ,quando os Bretons imigraram pesado para Paris, a estação de trem onde eles chegaram se localizava ali e eles foram ficando. Então, se você encontrar um que valha a pena ser dividio, fico aguardando aqui sua recomendação.
P.S.: Registro aqui minhas sinceras desculpas por não ter fotos dos dois primeiros lugares, eu sempre tô muito afobada para comer, mas vou tentar melhorar, ok?